Chá De Letras #3

Trovadorismo - Escola Literária


Olá pessoal! Entrei neste assunto justamente porque estou estudando Literatura essa semana rs Ora posso juntar o útil ao agradável não é mesmo? hahah
Bom, hoje teremos algo meio diferente... Pra quem acompanha a página do Instagram e do Facebook, sabe que lá eu avisei que teriam vezes em que postaria aqui ao invés de curiosidades, críticas e resumos sobre obras literárias, também falaria sobre algumas Escolas Literárias, (estudadas nas aulas de Literatura para quem não sabe) são nomes dados à determinadas características de manifestações literárias durante a história.
Falaremos hoje da primeira escola literária, o "Trovadorismo" (uma de minhas favoritas aliás, sério, porque é do meu período histórico predileto :3). Iniciou no final do século XII, sim, na Idade Média, durou pode-se dizer que 150 anos, terminando em meados do século XIV. Período em que Portugal estava passando por um momento de formação nacional, país sendo reino independente; mas se originou na Occitânia e depois foi espalhado pela Europa.
Essas manifestações literárias surgiram como poemas ou cantigas, feitas por Trovadores e apresentadas em castelos, feiras e festas. Sendo um marco, a "Cantiga da Ribeirinha", feita por Paio Soares de Taveiró em 1189.
São tais divididas em 2 gêneros: "Lírico" e "Satírico", onde cada um possui duas outras formas de cantiga, ficando assim:

*Lírico:
-Cantiga de amor: onde o eu-lírico é masculino e sofredor, coloca uma imagem feminina idealizada ao longe, praticamente inalcançável, até com hierarquia, onde se coloca numa posição interior, sendo ela a 'senhora' e ele um vassalo. É possível notar dor nessa cantiga e um amor impossível, sendo um sonho distante.
-Cantiga de amigo: eu-lírico feminino, encontra-se muitas evidências da literatura oral. Onde a moça na canção demonstra seu amor pelo amigo (namorado no caso), lamenta-se pela falta dele ou se alegra quando vem a encontra-lo. A diferença para a Cantiga de amor, é que nesse caso ela não cria uma imagem de si mesma sendo menor que a dele.

*Satírico:
-Cantiga de Escarnio: o eu-lírico satiriza, é irônico e diz coisas com duplo sentido, pode ser agressivo através do equivoco e deixar o destinatário nas entrelinhas, não identificado.
-Cantiga de Maldizer: o eu-lírico também satiriza; mas a diferença é que neste caso pode ser de uma forma bem mais direta, as vezes até usando palavras de baixo calão e revelando o destinatário normalmente.


Trovadores eram os famosos compositores dessas cantigas, artistas, quais as vezes usavam também de instrumentos para suas apresentações, como por exemplo: harpa, cítara, viola e lira.. A mais antiga pode ser feita por João Soares de Pávia, "Ora faz host'o senhor de Navarro". E os livros mais conhecidas galego-portugueses: "Cancioneiro da Ajuda", "Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa" (Colocci-Brancutti) e "Cancioneiro da Vaticana". Também existe um quarto livro de cantigas feito para a Virgem Maria pelo rei Afonso X de Leão e Castela, O Sábio.

Digamos que essa escola literária tem uma visão teocêntrica. Possui mente supersticiosa, submissão à Deus total (lembrando que era na Idade Média, ou seja, superioridade da Igreja).









Exemplo de Cantigas:

"Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro!
E ai Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amado,
por que hei gran cuidado!
E ai Deus, se verrá cedo!" - Martin Codax, CV 884, CBN 1227




"Quer'eu em maneira de proençal
fazer agora un cantar d'amor,
e querrei muit'i loar mia senhor
a que prez nen fremusura non fal,
nen bondade; e mais vos direi en:
tanto a fez Deus comprida de ben
que mais que todas las do mundo val.
Ca mia senhor quiso Deus fazer tal,
quando a faz, que a fez sabedor
de todo ben e de mui gran valor,
e con todo est'é mui comunal
ali u deve; er deu-lhi bon sen,
e des i non lhi fez pouco de ben,
quando non quis que lh'outra foss'igual.
Ca en mia senhor nunca Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad'e loor
e falar mui ben, e riir melhor
que outra molher; des i é leal
muit', e por esto non sei oj'eu quen
possa compridamente no seu ben
falar, ca non á, tra-lo seu ben, al." - El-Rei D. Dinis, CV 123, CBN 485


Bom, eu iria entrar num contexto mais histórico, porém achei que ficaria muito grande, além de poder confundir um pouco com o assunto central. Mas se quiserem posso fazer um artigo à parte somente com contextos históricos sobre as escolas, só deixar nos comentários o que acham. Também gostaria de saber o que acharam sobre eu ter abordado esse tipo de assunto, se ficou muito superficial e afins. Espero que tenham gostado!


Bjs: #SafiSaga




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