Chá de Letras #69
"Amêndoas" - Won-pyung Sohn
Oi oi, gente! Tudo bem?
Segundo lido do ano, estava com receio de ler esse porque minha última experiência com ficção de cura não foi das melhores, então quase abandonei rs.
Aqui conhecemos Yun, um garoto com alexitimia, uma condição neurológica que o faz não expressar sentimentos ou emoções. A jornada maior desde o início, em sua construção familiar, é a forma com que o ensinam a lidar com isso e como ele entende aquilo. Mas longe de ser uma narrativa monótona, nos abre um leque de personagens e plots.
Contextualizando, Yun morava sozinho com sua mãe e não chegou a conhecer o pai. A mãe tinha uma relação conturbada com a avó do garoto, mas as duas se aproximam com Yun ainda pequeno e começam a morar os três juntos num pequeno prédio comercial em que tinham um sebo de livros.
No dia em que saíram para comemorar um aniversário do garoto, ele assistiu as duas serem brutalmente esf4que4d4s em sua frente. Sua mãe ficou em coma e a avó faleceu na hora. A partir dai Yun precisa seguir sozinho, ele tem ajuda de um comerciante amigo da mãe e de um médico, que o pede o favor de fingir ser seu filho - que estava perdido - para visitar sua esposa no leito de morte. Ele ajuda, sem saber que o homem na verdade havia encontrado o filho verdadeiro, mas estava assustado com o estado do garoto.
Gon, o tal filho perdido, foi para a mesma escola de Yun. Lá intensificou o bullying que o garoto sofria por não ter esboçado reação durante o ataque que a família sofreu. Deste ponto a trama se perde um pouco para mim, existe o descobrimento de Yon, juntamente à adaptação de Gon morando agora com o pai, toda sua rebeldia e questionamentos, Yon seguindo com a loja da mãe e a visitando no hospital, outras tramas e personagens surgem dentro dessas mesmas problemáticas que irão revelar evoluções no cérebro de Yun, como um namoro, por exemplo.
Apesar de não ter sido uma leitura arrrebatadora pra mim, ou tão
envolvente, eu achei legal o livro. Ele é bem amarradinho em toda a rotina do personagem principal e, achei interessante conhecer essa rotina pelo ponto de vista dele, que possui tal condição neurológica.
Senti algumas cenas bem fortes e até meio irreais pela proposta que o livro possui, porém me fez questionar à mim mesma, pois não é só porque algo não está próximo da minha realidade que não é real para alguém.
O que para mim, deixou a desejar e poderia ter um fechamento melhor, foi o final. Ele traçou uma linha mais onírica, se perdeu um pouco do que vinha sendo e jogou várias informações e respostas ao mesmo tempo muito rápido. Em contrapartida me deixou feliz também.
Foram muitas emoções para um livro em que a narrativa não possui emoção alguma (propositalmente).
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Q U O T E S :
"Eu não sei porque as pessoas riem ou choram. Alegria, tristeza, amor, medo - todas essas coisas são ideias vagas para mim. A palavra 'emoção' e 'empatia' são apenas letras sem sentido impressas no papel."
"Pegando emprestada a descrição de vovó, uma livraria é um lugar densamente populado por dezenas de milhares de autores, mortos ou vivos, morando lado a lado. Mas os livros são silenciosos. Eles permanecem em silêncio até que alguém folheie uma página (...)."
"(...) Eu fui treinado para pedir desculpas nas situações apropriadas."
")...) Talvez entender um idioma fosse como entender as expressões e as emoções das outras pessoas."
"(...) Antes que me desse conta, lágrimas escorriam pelo meu rosto. Eu estava chorando, mas então estava sorrindo. Assim como mamãe."
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Bjs: #SafiSaga