Chá De Letras #4

Coleção: Melhores Poemas - Cora Coralina/Darcy França Denófrio


Olá, getemmm!
A obra de hoje é um tanto curiosa, por se tratar de uma coleção da Editora Global qual abrange vários autores. Existe as categorias: "Melhores Crônicas", "Melhores Poemas", "Melhores Contos", "Melhor teatro" e "Crônicas para Jovens", e à cada uma delas são atribuídos alguns autores, cada qual em sua denominada categoria. E além de serem bem revisados e escolhidos por profissionais da área, também integram um pouco da biografia, recomendações e introdução à vida dos autores já em suas profissões. São ao todo divididos 30 escritores clássicos, brasileiros e portugueses.
Bem, iremos falar de uma obra qual está na coleção de "Melhores Poemas", de nada mais nada menos que... Cora Coralina! Muito querida por todos, uma poetisa (e doceira!) talentosa, nascida no ano de 1889. Anna Lins do Guimarães Peixoto Bretas, é seu verdadeiro nome, porém em suas obras utilizava o pseudônimo "Cora Coralina". Anna nasceu em Goiás, na época do Brasil Império, sua casa fora construída às margens do Rio Assunção, uma das primeiras construções naquele lugar. Mesmo tendo cursado apenas até a terceira série, aos 14 anos Anna já escrevia poemas, e de longe se podia notar seu talento, pois veio à publicar "A Rosa" no jornal de poemas em 1908. Já em 1910 publicou sua mais nova obra, o conto "Tragédia Na Roça", no "Anuário Histórico e Geográfico de Goiás", utilizando seu pseudônimo; e no ano seguinte, fugiu com Candítio Tolentino Bretas, um advogado e casou-se com ele (aiai antigamente as histórias de amor eram tão mais românticas). E claro, não podemos deixar de fora o grande acontecimento nacional de 1922: "A Semana da Arte Moderna"! Anna/Cora claramente foi convidada à participar, porém infelizmente naquela época as mulheres muitas vezes não podiam tomar decisões por si, e como seu marido negou que participasse, ela não foi. Após a morte de Candítio em 1934, Anna/Cora virou doceira para sustentar os filhos e ficou famosa por seus doces de figo e abóbora cristalinos! Nesse mesmo ano em São Paulo, trabalhou como vendedora de livros na Editora José Olímpio, onde aos 70 anos aprendeu a datilografar e aos 76 anos lançou seu primeiro livro: "Poema Dos Becos de Goiás e Histórias Mais", e já no ano seguinte, seu segundo livro: "Meu Livro de Cordel" na Editora Goiânia. Suas obras porém, só começaram à fazer sucesso em 1980, após elogios de Carlos Drummond Andrade (APENAS, quem pode pode né mores). Já no fim de sua vida à homenagearam com o título de "Doutor Honoris Causa da UFG", além de outro prêmio o "Prêmio Juca Pato" em 1983 da União Brasileira dos Escritores, como intelectual do ano (SIM, só isso só *irônia*), com sua obra: "Vintém de Cobre:Meias Confissões de Aninha".
Devem estar se perguntando talvez, porque contei praticamente todos os mais importantes tópicos sobre a autora, e não disse nada exatamente sobre a obra. Bom, digo que é exatamente disso que a obra se trata! Uma série de ótimos e lindos poemas, qual notam aspectos as história da vida de Anna/Cora, marcados por seus versos simples e doces dessa nossa autora mais doce ainda! O livro é divido em partes, sendo elas: Reinos de Goiás, Canto de Aninha, Criança no meu tempo, Paraíso perdido, Entre pedras e flores, Canto solidário e Celebrações.
Espero que tenham gostado saber um pouquinho sobre essa mulher talentosa qual tem história na escrita brasileira! E por favor, leiam os poemas dela, são incríveis e gostosos de se ler, recomendo!





Partes do livro que gostei (no caso poema que mais gostei rs):




"Um dia, houve.
Eu era jovem, cheia de sonhos.
Rica de imensa pobreza
que me limitava
entre oito mulheres que me governavam.
E eu parti em busca do meu destino.
Ninguém me estendeu a mão.
Ninguém me ajudou e todos me jogaram pedras.

Despojada. Apedrejada.
Sozinha e perdida nos caminhos incertos da vida.
E fui caminhando, caminhando...
E me nasceram filhos.
E foram eles, frágeis e pequeninos,
carecendo de cuidados,
crescendo devagarinho.
E foram eles a rocha onde me amparei,
anteparo à tormenta que viera sobre mim.

Foram eles, na sua fragilidade infante,
poste e alicerce, paredes e cobertura,
segurança de um lar
que o vento da insânia
ameaçava desabar.
Filhos, pequeninos e frágeis...
eu os carregava, eu os alimentava?
Não. Foram eles que me carregaram,
que me alimentaram.

Foram correntes, amarras, embasamentos.
Foram fortes demais.
Construíram a minha resistência.
Filhos, fostes pão e água no meu deserto.
Sombra na minha solidão.
Refúgio do meu nada.
Removi pedras, quebrei as arestas da vida e
[plantei roseiras.
Fostes, para mim, semente e fruto.
Na vossa inconsciência infantil.
Fostes unidade e agregação.

Crescestes numa escola de luta e trabalho,
depois, cada qual se foi ao seu melhor destino.
E a velha mãe sozinha
devia ainda um exemplo
de trabalho e de coragem.
Minha última dívida de gratidão
aos filhos.
Fiz a caminhada de retorno às raízes ancestrais.
Voltei às origens da minha vida,
escrevi o "Cântico da Volta".

Assim devia ser.
Fiz um nome bonito de doceira, glória maior.
E nas pedras rudes do meu berço
gravei poemas." -
 pág. 241-242.






Bjs: #SafiSaga

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