Chá De Letras #18

O Príncipe - Maquiavel

Boa noite!
Como vocês estão? Eu estou muuuuuito feliz, pois sempre tive vontade de ler este livro tão famoso e bem mencionado! (tive algumas surpresas diferentes? sim). Ideologia qual aliás foi base de reflexões de grandes pensadores e adicionou muito à história, como referência política principalmente, e uma outra vertente que inclusive ia de contra ao pensamento escolástico medieval que tinham na época, principalmente na Itália.
Bem, para auxiliar a ideia do livro, irei mencionar um pouco de quem foi Maquiavel, sua importância histórica, sua ideologia e obras formadas à partir do cenário renascentista em que se encontrava. E também um pouco da política existente naquele tempo.

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MAQUIAVEL E SUA PRODUÇÃO POLÍTICO-LITERÁRIA 

Maquiavel nasceu em Florença, Itália, em 1469; esteve em vários cargos durante a vida, talvez de não tão grande visibilidade e importância para a época, antes de ser o Segundo Chanceler da República.  
O Chanceler tinha uma ideologia que podia ir de contra à muitos princípios que a população acreditava, principalmente pois a sociedade seguia rigorosamente os dogmas da igreja católica. Ele era a favor, inclusive achava necessário, de o Estado garantir a justiça e se preciso armas para tal feito; o que levou Maquiavel a se envolver com questões florentinas nas cidades vizinhas à Florença.
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-Naquela época, que seria no final do século XIV e início do século XV, a Europa estava passando por uma grande mudança, devido à diversos fatores. Como o eixo econômico que volta ao Atlântico por conta da queda de Constantinopla, o capitalismo mercantil que surgiu para a instalação de impérios coloniais com ajuda da burguesia na Europa Ocidental; também o teocentrismo que acaba cedendo lugar ao antropocentrismo, pois com os avanços da ciência, muito do aspecto religioso acabou se perdendo.
A Itália em especial, perde sua condição de ser 'o centro do mundo', por perdas de capital e hegemonia; então a igreja centralizadora impede que o país tenha certa relação com o novo pensamento medieval que estava nascendo, logo a Itália passa a ser conhecida por sua arte e literatura. -
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Em 1501 se casou com Marietta Orsini, com quem teve cinco filhos, porém sua fidelidade à mulher era duvidosa, visto que uma de suas obras, Clízia, fora inspirada na cantora Bárbara, com quem havia um suposto romance. Em 1506 escreve "Discurso Sobre a Preparação Militar Florentina", falando sobre aspectos ruins da religiosidade e exaltando a justiça e uso de armas.
Com o retorno dos Médicis ao poder, já em 1513, Maquiavel foi preso e torturado, por ser acusado de sediação. Foi lá então que escreveu diversas obras, inclusive O Príncipe. Entre as obras mais famosas presentes, estão: "Discurso Sobre a Primeira Década de Tito Lívio", que seria uma obra cientifica; "Asno", poema; as peças teatrais "O Demônio que se Casou", que é comédia e "A Mandrágora", grande marco do cinema Italiano.

Pois então, vamos agora falar sobre "O Príncipe"!

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OBRA: O PRÍNCIPE

Esta obra escrita por Maquiavel em 1513 - publicada apenas em 1532 - foi dedicada à Lourenço de Médici (família muito importante), Duque de Urbino - escreveu com o intuito de conseguir algum cargo importante, porém o duque não ligou muito e Maquiavel não obteve sucesso em sua ambição - e teve como inspiração o filho do papa Alexandre VI, o poderoso condottieri, César Bórgia (outro sobrenome conhecido e importante).
Tem como foco principal a política, forma de administração de um país, visto que Maquiavel quis "ajudar" o duque, fazer com que ele alcançasse a grandeza e fortuna, métodos (quais inclusive fiquei chocada), para conseguir devido sucesso e poder. No livro, se mostram exemplos e formas de administrar um país de forma eficaz (para ele, ok) o povo e como agir em determinadas situações de guerra, invasões, controlar poder, etc, além de saber como é a decomposição do Estado, em vertentes mais importantes e relevantes. Talvez seja um tanto mal ao ser analisado por um ponto de vista, porém para a época foi uma descoberta sensata, além de explicar também muitos episódios que ocorrem hoje em dia, salientando nossa visão crítica perante o Estado.

Maquiavel começa com os principados, citando alguns e dando exemplos também de reis e impérios, como tais agiam em situações distintas, qual era o caráter ou o que marcara cada um deles, etc. Irei mencionar alguns apenas:

-Hereditários: Domínio. Quando nem os maiores defeitos fazem com que outros deixem de te ver como bom. Exemplos do duque Ferrara e papa Júlio.

-Mistos: Alguém é causa do poder de outrem. Como em situações em que os prejudicados - mais reduzidos à pobreza, não podem fazer mal algum ao Príncipe, sua posição nem aos que não foram afetados, colocando-se assim em seu devido lugar, para que outros continuem também. Exemplo dos romanos, como se posicionavam ao conquistar um povo e tirar proveito dos outros numa guerra. E também os erros cometidos pelo rei Luís.

Tem também principados novos que se conquistam pelas próprias armas e valor, e os novos que se conquistam com as armas e fortuna de outros, principados escolásticos que se referiam ao poder da Igreja, e alguns exemplos mais; porém ele irá abranger também outros pontos, sendo do capítulo 1 ao 13, sobre métodos eficazes de governo numa monarquia e república.

Já na segunda parte - que seria do capítulo 14 em diante - se nota um discurso voltado à lei e armas, onde as atitudes tomadas pelo Príncipe deveriam ser mais específicas. Irei dar uma resumida sobre os pontos mais importantes abordados que pude notar: um Príncipe deve ser louvado e adorado, melhor ser temido do que amado, deveres com as tropas, manter a palavra e seguir com a reputação do Estado, evitar ser desprezado, abusar de todas as qualidades possíveis para fundar um Estado bom - mesmo que se molde com o tempo, administrar as finanças, etc. Lembrando que cada tópico desse é analisado mais profundamente em um capítulo específico e tem exemplos de líderes da época também.
O que achei interessante à respeito das finanças, que se encontra no capítulo XVI, é que o Príncipe deve gastar pouco para não ser obrigado à roubar os seus súditos. Bom, creio que não deveria roubar nem mesmo que precisasse, porém como ele respondia pelo Estado, era mais que obrigação dos súditos na época, arcar, mesmo que sob responsabilidade do Príncipe. (acredito também que pela atual situação de nosso país, os políticos deveriam maneirar nos gastos também, para não dar a desculpa que são obrigados à roubar a população rs parei)

Notamos que na primeira vertente de seu pensamento, seguindo essa divisão de capítulos sugeridos, temos a parte clássica, com o republicanismo clássico, que divide a liberdade individual da liberdade do Estado. E na segunda há uma ideologia que se distancia da tradição, revelando pontos mais abertos, que definiam sua visão pessoal e também o que estavam descobrindo e passando naquele período.
Agora à respeito de sua importância histórica; a obra possui o fundamento "maquiavélico" que simboliza esperteza, podemos notar sua presença em possíveis debates políticos também, assim como o "maquiavelismo", que estaria mais ligado à deslealdade. Há um grande número de valores, principalmente voltado à questões econômicas e de Estado vs Religião.
Continuando no contexto histórico, ao pesquisar, pude ver que Maquiavel estava feliz ao saber da união entre Juliano de Médici e Papa Leão X nesta fase, pois assim podia enxergar a proteção de um príncipe sobre a Itália, contra os estrangeiros, ao se firmar sua ideologia.


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Quote:

"(...) pois assim como os que desenham os contornos dos países se colocam na planície para considerar a natureza dos montes os sítios elevados e, para observar a das planícies, ascendem aos montes, assim também para conhecer bem a natureza dos povos é necessário ser Príncipe e, para conhecer a dos Príncipes, é necessário ser do povo." - pág 14






Espero que tenham curtido! O que acharam?
Bjs: #SafiSaga


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