Chá De Letras #22

Cartas Na Rua - Charles Bukowski

Oinnn coalas! Como cês tão?


Finalmente venho falar deste livro incrível que ganhei pelo sorteio do Ig @bielski lá no Instagram (inclusive ele me fez uma surpresaaa que logo mais trarei para cá também). Há muito tempo estava ansiosa para ler algo do tão famoso e falado Bukowski :3 Logo que vi no sorteio que umas das opções de escolha era um livro dele, eu fui correndo participar! Então, estarei dizendo aqui além de um breve resumo da obra, também quais foram minhas impressões, se era tudo o que eu imaginava, se me surpreendeu ou não, etc. Mas primeiramente, irei explicar melhor sobre o autor :)

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Charles Bukowski, nascido em 1920 na cidade de Andernach, Alemanha; passou sua infância precária em Los Angeles. Seu primeiro romance foi publicado em 1944, quando tinha 24 anos, mas somente aos 35 anos começou com a publicação de poesias. Suas obras tem características autobiográficas, além da marcante presença de personagens 'marginais', estilo livre e um tom de humor irônico, o que dá certo charme à composição. Ao longo da vida publicou mais de 45 livros de prosa e poesia, e 6 romances. Faleceu de pneumonia, devido ao tratamento de leucemia em 1994, aos 74 anos de idade.

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Bukowski é um gênio. Fim. 
Tentarei expressar aqui o que foi a experiência de ler algo deste grande autor! Considerado um dos autores da famosa Geração Beat, - grupo de poetas/autores que possuíam um estilo próprio pós guerra - que aliás Bukowski alegava não gostar e não fazer parte, sua obra porém diz o contrário, mostrando seu alter ego no então personagem Hank.
Hank Chinaski (ou Henry, porém irei dizer Hank por aqui rs), principal e narrador, é um personagem diria eu que bastante estereotipado - levando em conta a maneira atual de analisar - pois tinha pra lá de uns 30 anos, vivia bebendo, só pensava em mulheres e em ter dinheiro para suas despesas com as mesmas e o álcool. Não importando em como, se era digno ou não, nem nada do tipo, apenas viver por viver, o agora e sem perspectivas futuras a não ser Betty (sua possível 'companheira', mais velha, louca e alcóolatra também) disponível para ele; além de conservar um certo ódio por seu chefe Jonstone, típico ne.
Algo curioso, é que um dos locais mais tratados na narrativa, são os Correios. Hank era carteiro e não via aquilo como um trabalho, logo não se achava bom nem ruim pelo cargo; mas como disse, era apenas sua forma de garantir o que tinha vontade. Além de tudo o que mencionei sobre seus gostos padrões, Chinaski também gostava de cavalos, ou melhor, corrida de cavalos; foi então que depois de alguns anos nos Correios, assim que estava começando a se estabilizar, Hank passa a se envolver com essas tais corridas, apostas, etc. Um mundo onde acaba conhecendo a jovem de 23 anos, Joyce, qual era muito rica, porém Chinaski não sabia disso.
Os dois começam a ter um relacionamento sério, até que acabam se casando e logo se mudam para uma cidade pequena, já que não possuíam ideais à mais que os levassem a almejar algo. Hank se via no meio de pessoas que não gostavam dele, um dos motivos poderia ser que soubessem da riqueza da família de sua esposa e também por notarem seu jeito. Ao passar do tempo, eles acabam se cansando daquela vida monótona e voltam para a cidade; é quando então, Joyce pede para que o marido arrume um emprego, visto que eles viviam da fortuna da família.
Chinaski acaba voltado aos Correios, agora como atendente, e nesse meio tempo, acaba também, cedendo de imediato ao pedido de divórcio feito por Joyce. Logo, Hank volta à ter sua mesma vida de outrora, muitas mulheres, bebidas, corridas de cavalos e também aquele tempinho quase raro para o trabalho.

Um quarentão, vivendo de tal forma, sem perspectiva, dita um cenário talvez triste e deprimente para muitos, mas não para Hank e nem Bukowski.

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O autor traz uma narrativa em perfeitas condições e muito bem escrita; o que poderia ser algo comum contato por um zero à esquerda, acaba se tornando algo interessante que nos deixa curiosos e envolventes, uma vez que o narrador nos trata como amigos e tem um certo humor sincero e irônico ao apresentar seus pensamentos e falas, que por sua vez, possuem um mesmo tom.
Podemos ver certa linearidade à própria vida de Charles, uma vez que, como mencionei no começo, suas obras são autobiográficas. Não li outros livros de Bukowski, esse foi o primeiro, porém ao pesquisar pude ver que ele usou mais de uma vez o personagem Hank Chinaski em suas obras, sempre da mesma forma, carregando assim seu 'eu', sendo um verdadeiro alter ego do autor (o parágrafo final deixa claro isso). Muito interessante de se analisar.


Digo que o que mais me encantou, foi a narrativa, a forma que Bukowski achou de trazer a história de um alguém talvez despercebido, à uma análise crítica ao ser boêmio, a não fixação, sendo livres, leves e soltos, a mente confusa e outros fatores que notamos nas obras dessa Geração Beat. De certo uma leitura muito legal por esse ponto! Porém eu, como amante de personagens sensíveis, profundos e determinados, acabei não gostando muito da vibe de Hank, não seria alguém com quem eu tivesse amizade por assim dizer rs por mais engraçado que ele possa ser e por mais cômicas que possam ser as situações que passa também.
Mas num todo, levando em consideração a narrativa e propósito de Bukowski, é uma obra genial, com uma escrita fantástica! E o que me surpreendeu, acredito que de forma boa, foi que não é uma leitura difícil; eu imaginava que as obras dele fossem de extrema dificuldade, porém vi que não e eu gostei; na verdade por ter ido ler já esperando por isso, as vezes até me esquecia de que estava lendo Bukowski heheh Mas agora creio já ter me adaptado a escrita e posso dizer que sei identificar e admirar também esta forma genial.

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Frases que gostei:

"Tudo começou como um erro" - pág 11

"Não contestei o divórcio, não compareci ao tribunal. Joyce me deu o carro. Ela não sabia dirigir. Tudo somado, eu perdera uns três ou quatro milhões. Mas ainda tinha os Correios." - pág 90

"Eu tinha um charuto na boca e uísque em meu hálito. Dava para sentir a palavra grana ao me ver. Eu parecia feito de grana" - pág 130

"Era uma vida boa, e eu tinha começado ganhando" - pág 131

"De manhã, ao acordar, a manhã seguia ali, e eu ainda estava vivo.
 Talvez eu devesse escrever um romance, pensei.
 Foi o que fiz." - pág 185






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Espero que tenham gostado!
EU LI BUKOWSKI FINALYYYY <3

Bjs: #SafiSaga

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