Papo Com Pipoca #17

Ethel & Ernest 

Oinnn, coalas! Como cês tão?



Hoje trago mais uma animação que amei <3 Me ganhou com sua simplicidade, porém em cada traço, há uma sensibilidade incomum, com tons muito bonitos e sonoridade agradável; uma obra que com certeza deixa os olhos felizes e aquece o coração :)


O longa foi baseado num livro de Raymond Briggs de 1998. Raymond é artista, um ilustrador inglês nascido em Londres período pré Segunda Guerra Mundial. No livro, ele ilustra a história de seus pais, desde quando se conheceram, até já construírem uma família. Aliás, além da história dos pais; visto que a obra termina com ele já adulto; Raymond também acaba contando grande parte de sua trajetória. Na obra, ele ilustra cenas do cotidiano, e episódios marcantes, com um humor leve e pontos sérios também.

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O filme começa com um relato de Raymond, qual vai narrando um pouco sobre as proporções inimagináveis que sua obra tomaria e também sobre o que os pais poderiam achar disso; enquanto isso, vemos a cena dele desenhando em um papel, passar lentamente, além de outros cortes para então seus materiais de arte, repetidas vezes em diferentes ângulos. Até que, após se aproximar do desenho que fez dos pais com uma lupa, a mesma se afasta, mostrando então o real sobre a obra, que no caso se transforma em animação e mostra a princípio a cidade de Londres em 1938.

Conhecemos então o jovem Ernest, que saia de casa todos os dias com sua bicicleta, e fazia o mesmo trajeto; e não era só ele que havia decorado o trajeto não, como também Ethel, governanta em um casarão, que sempre acenava para o rapaz assim que o via, além de esperar todos os dias para este breve momento feliz.
Não demora muito para que Ernest resolva convidar a jovem Ethel para sair, logo eles vão se conhecendo e resolvem se casar. Encontram uma boa casinha, e à princípio apenas Ernest trabalha, vendendo leite de porta em porta; trabalho simples que ele amava! A esposa por vezes queria que ele arrumasse algo em um escritório, porém seria horrível para ele apenas cogitar a ideia. Mas mesmo assim, Ernest apaixonado, nunca deixava faltar nada em casa, e diferente disso, sempre chegava com algum móvel novo ou alguma surpresa para Ethel (muito fofo); e assim, aquela casinha 'grande' para eles, foi se tornando cheia de personalidade e mostrava muito do amor entre os dois.
Os diálogos são ótimos! Ernest costumava ler muito o jornal e digo que sabia um pouco mais que sua esposa sobre alguns assuntos; porém sempre conversa com Ethel à respeito de tudo e os dois tem um modo de pensar parecido, mas quando diferente, acabava por gerar 'picuinhas' de ambos os lados (por política por exemplo). 
Ele todo alegre, dançando e cantando por ai, via a vida feliz de todos os lados! Já ela, mais quieta, preferia o tricô, e gostava de esbanjar um pouco, buscando sempre o melhor (o que as vezes não era possível, devido a condição financeira deles), além de meio rígida as vezes. Ótimo equilíbrio rs Desde que conheceram a casa, já pensam em ter filhos. É quando então, são surpreendidos por Raymond! E por ter sido um parto complicado, acabam por saber que o sonho de ter uma família grande parece não ter vez; mas isso não os desanima, mas sim, faz com que fiquem muito felizes com a chegada do bebe!
Raymond é o anjo deles, somos surpreendidos por diversos episódios
engraçados, passeios memoráveis e descobertas divertidas! Entretanto, de mansinho as notícias trazem a tão temida, Guerra. E então, é pedido para que todas as crianças sejam levadas ao interior da Inglaterra, visto que Londres era o alvo das bombas. É quando então, os dois levam o garotinho até a estação e se despedem.
Essas cenas são muito impactantes, pois vemos ali pessoas vivendo em medo constante e acompanhando tudo o que estudamos nos livros e aulas de história, em tempo real! Mas como já era de se esperar, Ernest arruma um jeito para tudo e mesmo em meio ao caos, tenta os manter seguros; Ethel por sua vez, reclama das invenções malucas do marido, porém acaba cedendo, pois sabia que era o melhor que tinham a fazer.
Neste tempo, acabam se comunicando com Raymond através de cartas, e um dia resolvem visitá-lo. O lugar era lindo e o garoto havia se acostumado bastante com a vida no campo; quando decidem que era possível que ele voltasse para a casa, são surpreendidos por bombas novamente.
Enfim, a Guerra termina.
Raymond agora estava jovem, são poucas partes sobre sua adolescência, mas o foco se volta à ele quando o mesmo decide estudar artes, o que deixa os pais (principalmente sua mãe), desesperados! Pois naquela época acreditavam que sendo um artista ele não conseguiria sobreviver; mas o garoto segue seus sonhos e instintos, e acaba por alcançar diversas coisas, mais de dois diplomas e cargos reconhecidos (que inclusive dava muita renda).
Raramente o garoto (agora homem), voltava para a casa; voltamos então, ao começo, quando Ethel e Ernest moravam sozinhos e viviam seus dramas e diálogos cotidianos. Eles vão envelhecendo, mas mesmo assim Ernest não para de surpreender a esposa com seus presentes; pois mesmo sem condições, ele sabia que Ethel gostava a merecia uma boa vida, logo a agrada de diversas formas sempre sorridente! 
É quando então, recebem a notícia de que o filho vai casar no civil, Ethel fica desesperada! E logo depois triste, ao saber que não poderá ser vovó, visto que sua nora tem esquizofrenia. Como era de se esperar, Ethel também reclama da casa que seu filho escolhe para morar; mas mesmo bravo, Raymond compreende os 'porquês' da mãe e que ela não fazia aquilo por mal.
Envelhecendo ainda mais, e sozinhos, podemos sentir ao assistir, que o tempo 
mal passou. Logo entendemos como um relacionamento se torna duradouro, ao se viver um dia de cada vez, com muito diálogo, brincadeiras, planos; o compartilhar essencial de coisas banais e pequenas conquistas, até coisas sérias e grandes; o carinho, respeito e a vontade de sempre querer ver o outro bem, e feliz. Uma rotina regada de amor, e as vezes uma fuga da rotina para encontrar este amor em outros lugares.

Não irei contar mais a partir desta parte, pois creio que iria estragar toda a experiência ao ver, pois o final pode ser esperado, porém ao assistir, nos impacta de formas diferentes e muito bonitas; podemos analisar e refletir sobre a vida de pessoas comuns, nada famosas e não importantes para a humanidade, mas que são importantes e muito amadas por poucos, e da mesma forma ou até mais, carregam algo especial em si que muda vidas ou até uma vida, ao redor.

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É com esse gostinho de quero mais, que os deixo e recomendo demais essa animação! 2D incrível e bem fiel aos rabiscos originais do livro, segue uma paleta de cores linda e muitos sentimentos bons! Uma história que além de sua simplicidade vista pelo cotidiano de pessoas comuns, traz também o desespero de viver durante, antes e após a Segunda Guerra, também ao surgimento do telefone, TV, homem na Lua e mudanças políticas importantes. Além de arrancar boas e sinceras risadas, por mostrar o humor puro e inocente nas falas das personagens, Raymond retrata de forma doce e nostálgica, todas as boas memórias (e até além disso), que tem de seus pais, e o quão valorosas são para ele essa história e essas memórias.

Algo que não podia deixar faltar também é a trilha sonora! Composta pelo incrível Carl Davis que só fez a trilha de "O Fantasma da Ópera" só, apenas isso rs (outras também). É realmente marcante e transmite a essência que a história transmite. Além de ter também a canção "In The Blink of an Eye" do apenas ex Beatles Paul McCartney rs

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FRASES QUE GOSTEI:

"Esse Hitler, parece que está latindo!"

"É esse seu partido trabalhista."

"Não temos estudo, logo não podemos ser deputados. Mas quem quer ser deputado afinal?"

"Atenciosamente"

"Tome filho, pegue este pente"

"Serviam café da tarde, e as garçonetes usavam luvas e toucas"

"-Viemos aqui com o carrinho de bebe
 -E agora quem está no carrinho sou eu"

"Pois continuo achando um buraco!"

"Essa lavanderia é um sonho!"

"-Olhe só. O Homem foi à lua, querida!
 -Ah é? E o que ele foi fazer lá?
 (...)
 -Disseram que vão trazer amostras para cá.
 -Hm, como crianças quando vão pela primeira vez à praia"

"-Isso é um telefone!
 -E o que eu faço quando você não estiver aqui?
 -Pode atender."

"E ficar enfurnado num escritório escrevendo e lendo papéis? Nunca!"

"-Tcharam!
 -O que tem de mais?
 -Não está vendo nada novo, diferente?
 -Não...
 -E aquele carro verde?
 -O que tem de diferente? Sempre há um carro diferente na nossa calçada ultimamente.
 -A diferença, é que ele é nosso!"

"E agora papai?"

"A pereira que eu plantei..."







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Espero que tenham gostado! E que assistam também, se assistirem ou conhecerem digam ai, adoraria saber a opinião de vocês sobre :3 Segue o trailer!

Bjs: #SafiSaga









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