Chá De Letras #25

"A Livraria" - Penelope Fitzgerald

Oinnn, coalas! Como cês tão?
Trago aqui uma obra muito amor, com um tema muito amor que eu curto demaaaais (sério, amiga?) e creio que por estarem aqui, vocês gostem também. Recebi este maravilhouser livrinho do mês da loja parceira Nobel Caraguá (inclusive tem altas novidades lá)! Muito grataaa!

Obra escrita por Penelope Fitzgerald, uma das mais renomadas poetas, romancistas, etc inglesa do século XX. "A Livraria" foi finalista do Man Booker Prize em 1978, além de que a autora ganhou seu primeiro prêmio um ano depois com o livro "Correntezas". Certamente uma ótima, marcante e incrível referência literária!

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 O livro é narrado em 3° pessoa, se passa na Inglaterra de 1950, conta a história de Florene Green, uma viúva dita sendo 'comum', encantada pela magia dos livros, que está prestes à cometer algo ousado que pode mudar sua vida pacata!
Florence quer muito recomeçar, fazer algo novo, logo, pensa em abrir uma livraria em sua cidade (vilarejo na verdade rs), qual é pequena e talvez tenha poucos leitores, e dessa forma, corre atrás sozinha e rapidamente fala com as autoridades. Há um bom tempo, Florence pretende comprar a Old House, prédio úmido e abandonado, que fora praticamente esquecido por todos durante anos. Mas ao demonstrar certo interesse no imóvel, a mulher se vê diante de pessoas que almejam derrubá-la.
De início se parece apenas com mais uma oferta ao imóvel, pela poderosa e rica Violet Gamart, que até a convida para uma glamourosa festa em uma casa (gente, tipo mansão aquilo), exuberante. Florence se sente um pouco deslocada, até tinha receio de ir, mas recebeu incentivos dos seus colegas, visto que se tratava de Violet, uma mulher importante que não notava qualquer pessoa. Entretanto, havia um motivo para que Florence tivesse sido notada por ela.
É quando então, a viúva percebe que muitos da festa não a viam somente como um alguém, nem sequer importante, diferente disso, ouviu comentários sugestivos; principalmente de um sujeito curioso chamado Milo North, que era pouco famoso por ali e esbanjava charme (porém não para Florence), logo, ela se depara na seguinte situação: Violet estava disposta a fazer de tudo para que o plano dela desse errado, por mais que à anos ninguém tivesse tido interesse pela Old House, agora que Florence gostaria de abrir uma livraria, a mulher teve a ideia de montar no mesmo local uma galeria de artes (ora, ora).
Depois de tantos comentários negativos dos moradores, autoridades e essa possível ameaça de Violet que se aproximou como amiga, tudo apenas faz com que Florence tenha mais vontade de brigar por sua livraria!
Neste pequeno vilarejo dos anos 50, morava apenas um ser humano que talvez  tivesse gostado da ideia de Florence, o autêntico e peculiar Edmund Brundish. Sujeito de poucos amigos, nunca saia de sua propriedade e era amante assíduo dos livros (por mais que as capas - principalmente com a foto dos autores - não lhe agradassem muito). Tão isolado em sua grande e tenebrosa casa, fazia com que o povo inventasse inúmeros mitos e supostas histórias de sua vida, do que ele um dia foi ou algo que aconteceu; quando na verdade estes boatos não estavam nem um pouco perto da realidade, que surpreendentemente não tinha sido nada grandioso ou dramático.
Finalmente, Florence abre a livraria, e independente das críticas, acaba recebendo clientes! É quando então os personagens estreitam mais o elo entre eles, e Florence acaba por conhecer Christine, uma garotinha de família pobre que almejava trabalhar. Esta personagem também era curiosa, bem nova e esperta demais para a sua idade, não gostava de ler, mas se dava muito bem com os livros; não era a primeira opção de Florence ao ter entrado em contato com sua mãe pedindo que uma das filhas a auxiliasse, mas até que começou a ter muita afinidade e carinho pela garota.

*A história então segue este rumo, de personagens muito bem construídos, porém talvez com atitudes características previsíveis; o que diria eu, não ter tirado o encanto de se ler mesmo assim.*

É quando então, Edmund entra em contato com Florence (o que era raro, ele nunca falava com ninguém do vilarejo), e além de elogiar sua atitude, também pede à ela que o envie livros. Logo, entre livros ali e acolá, ele a convida para sua casa. Todos sabem de alguma forma e ficam curiosos à respeito, porém Edmund optou por agradece-la convidando-a para um chá, e neste meio tempo também a questionou sobre a nítida ameaça de Violet em acabar com a livraria. Florence se mostrou uma mulher corajosa e inteligente, qual creio eu, acabou gerando um certo interesse por parte de Edmund, que pode ter se tornado recíproco talvez (pelo menos compreendi desta forma).
Volta e meia Florence se esbarrava com Milo North que por assíduas circunstâncias, acaba por virar seu assistente no lugar de Christine, visto que Violet conseguira tirar a garota de lá. Porém Florence inocentemente acha que Milo pode ter mudado e com certeza se não estivesse do seu lado, pelo menos estaria neutro na situação. Mas como era de se esperar, não foi o que pareceu e ele se mostrou então um pilantra que a enganou.

O que será do destino de Florence agora? Tudo estava perdido? Além da livraria, também tinha a questão com Christine, e a mais esquisita e preocupante de todas, com Edmund. E também teria que lidar com as pressões de Violet e seus liderados. Claramente não irei contar este meio para o final, visto que seria um mega spoiler e acabaria com toda a magia da escrita e da reviravolta extremamente real que a narrativa segue. Mas os deixo essas questões em aberto para aguçar a curiosidade hihi (lembrando que também deixei de fora, vários acontecimentos e detalhes, visto que farão diferença ao 'entrar' na leitura', logo não coloquei ne)

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É um livro muito bom, escrita não tão simples porém de fácil compreensão. Também é possível notar o uso de figuras de linguagem, sendo uma bem característica a personificação - atribuir características humanas em objetos inanimados - Não sei se é algo próprio da escrita dessa autora (primeira obra que leio dela), mas eu particularmente gosto bastante (poético ne migos?). Falando à respeito do enredo (visto que é tradução), Penelope nos mostra um cenário lindo, tão poético qual só de imaginar já nos remete ou nos faz criar uma história! Palco digno dos belos romances impossíveis antigos, mas neste caso, nada tão romântico és. Acho bonita e muito boa a ligação entre os personagens, e a mensagem que isso nos sugere, através de feitos (como disse, atitudes previsíveis, que seria resultado de comportamentos já conhecidos por nós, por ser realidade expressa); além de que há grandes, enormes e muita diferença entre eles, sério não é pouca! E dessa forma, Penelope nos guia por um enredo tão próximo e ao mesmo tempo longe, porém encantador da mesma forma. 
É lindo ver todos estes encaixes durante a narrativa, além de que é viciante tentar compreender os personagens, pois eles não passam por situações absurdamente complicadas, pelo contrário, são apenas problemas; o que acaba mexendo conosco de outra forma, não para nos emocionar e não somente para reflexão, mas para admirar mais uma vez uma bela história de outrora <3
As vezes nos esquecemos de boas histórias com aparência de histórias mesmo, para se contar antes de dormir, deixando-nos curiosos para o dia seguinte. Por vezes (e digo por mim), nos apegamos à críticas, algo que estimule o pensar, teorias, investigação, pesquisa, etc; o que é ótimo, gosto muito de leituras assim, é o que nos faz moldar uma base de pensamento e obter conhecimento histórico e literário, isso é o que eu mais consumo; porém para balancear e nos fazer respirar, é necessário alguma "Livraria" dessas rs (gostaram deste jogo de palavras, eu sei). Livro muito calmo e que nos da certa paz, mesmo que talvez nos surpreenda, ficamos bem com o resultado apenas por ter lido ele todo.

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Foto no Instagram @safisaga


QUOTES:

"Florence tinha um coração bondoso, embora isso não tivesse muita utilidade quando a questão era sobrevivência" - pág 17

"(...) podiam ser considerados pessoas solitárias, mas isso não os tornava exceções em Hardborough, onde havia inúmeros solitários" - pág 23

"Ela embrulhou com cuidado o livro que ele comprou" - pág 67

"Algumas batatas foram assadas para elas, na fogueira, e saiam com uma grossa camada de cinzas. As batatas tinham gosto de óleo dizel" - pág 105

"A British Railways trouxe os exemplares de Lolita da estação de Flintmarket [...] Algo novo chegava à Hardborough. Na frente de cada estabelecimento público, havia pacotes esperando para serem levados" - pág 111

"-A desgraça não pode me negar um copo de conhaque" - pág 148

*queria muuuuito deixar a última frase do livro aqui, mas seria um baita de um spoiler!*

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Lembrando que há filme sobre este livro hein! Trailer do Filme - inclusive, achei incrível terem pego a parte em que Florence se comunica com seu advogado no livro, e colocado no filme daquela forma fantástica! Bem simples, mas um jogo artístico (sim, até os sons) muito bom. 

Espero que tenham gostado! 
Bjs: #SafiSaga

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