Chá De Letras #30

"Agnes Grey" - Anne Brontë

Oinnn, coalas! Como cês tão?
Primeiramente me perdoem pela demora, este livro recebi em abril da loja parceira Nobel Caraguá <3 Sempre quis ler algo das irmãs Brontë (lembrando que li "Morro dos Ventos Uivantes" da Emily, mas era muito pequena na época, não me recordo se terminei, porém não entendi muita coisa rs e também não voltei à ler novamente - inclusive, preciso). Sem contar que essa capa me fez apaixonar! As edições das obras das irmãs, pela editora Martin Claret estão incríveis!
Vamos lá!

Anne Brontë nasceu em 17 de janeiro de 1820 na Inglaterra, e é a mais nova da família Brontë, escreveu esta obra em 1846, sendo seu primeiro livro finalizado (visto que o segundo foi em 1948 - "The Tenant of Wildfell Hall") A obra se passa durante o reinado da rainha Vitória na Inglaterra, é uma mudança de ambiente típica deste tipo de leitura, que pelo menos para mim, faz muito bem <3

~*~


Conta a trajetória de Agnes Grey, uma jovem de 18 anos que mora com sua família, sendo o pai (Richard), a mãe (Alice) e a irmã (Mary); eles são considerados de classe baixa na sociedade; pois o pai é pobre e sua mãe (filha de aristocratas), que em tese era mais rica, foi deserdada pelos pais após se casar com um homem de classe inferior. Porém, depois que seu pai ficou doente e piorou, sua família precisou se adaptar à um estilo de vida com menos regalias ainda. 
Mesmo jovem, Agnes tem o desejo de trabalhar, com o intuito de ajudar sua família, mas sinto que também por contentamento pessoal; visto que por ser a mais nova, mesmo tendo idade adequada, sua mãe e irmã mais velha a tratavam como uma criança nesse quesito. Logo, Agnes tenta convencer a família a deixa-la ser perceptora; algo que ela já queria bastante inclusive. Naquela época ser perceptora era se mudar para a casa de uma família de aristocratas, e ensinar as filhas deles, educá-los na verdade. Agnes mesmo sendo de uma classe baixa, havia tido estudo e sabia francês, piano, desenho, etc.
E como uma ideia fantasiosa que temos, podemos imaginar que seria algo bom para seu crescimento e satisfação; uma vez que sua família, depois de tanto pedir, cedera à seu desejo de trabalhar como perceptora. A mais jovem filha então se mudou, para trabalhar na casa dos Murray, perceptora de 2 garotas: Rosalie e Matilda; mas as coisas não foram como imaginava... Pois ao contrário de 'crianças' boazinhas e pais sensatos, Agnes se depara com uma família bem autoritária que mimava as garotas, quais por sua vez também eram bastante desobedientes e aprontavam com a jovem perceptora (uma realidade que não se difere muito dos dias atuais, não é mesmo?). Rosalie uma garota fútil que gostava de jogar charme e se achava irresistível, porém para casar, o que valia era a situação financeira do pretendente. Já Matilda por sua vez, era uma jovem que para a época, tinha um gosto masculino, como caçar por exemplo.

...

E com o passar do tempo, podemos notar que essa resistência das adolescentes foi passando, porém não significa que a situação de Agnes dentro daquela casa pudesse ter melhorado tanto. E além de ensinamento, ela também dava conselhos às garotas, quais agora já eram jovens e crescidas, pediam por uma ouvinte e conselheira; o que é algo curioso, pois Agnes havia começado a trabalhar com 18 anos e não tinha tido tanta experiência de vida, contudo é nítida sua sabedoria. E também é notório durante a narrativa, os conflitos internos que Anne enfrentava, até o momento em que começou a se comparar com a jovem Srta. Murray.
Há também o Sr. Weston, personagem que faz ligação ao romance descrito ali, e que causa certo descontentamento à alguns leitores, por não ter tanto foco direto à relação deles. Mas particularmente foi algo que eu gostei, por estar mais intrigada com as questões pessoais e o ambiente de trabalho da personagem.
Creio que Anne tenha dado um final justo à cada personagem, fechando então a narrativa que teve como propósito, não chegar à um final, mas sim mostrar-nos a visão de uma governanta durante a Era Vitoriana <3 

~*~

Tenho em vista que este romance tenha ligação direta à vida pessoal de Anne, por possuir características autobiográficas. Ao pesquisar, pude afirmar então, pois "Agnes Grey" foi baseado numa experiência que a autora teve em seu primeiro trabalho como governanta, para ajudar os pais financeiramente; Anne trabalhou para uma família em Blake Hall, lugar onde também não teve as melhores experiências.
Um romance de época que não caminha apenas dentro do gênero, mas nos traz questões pessoais e uma nova visão de mundo. Creio que me apeguei muito mais à outros acontecimentos na história (e personagens), do que ao próprio romance ali. Pode-se dizer que és um romance de formação, podendo ter sido escrito dessa forma, como uma mensagem às mulheres da época.

-Ao final do livro há uma explicação para essa característica de linguagem típicas das irmãs Brontë; mesmo que Anne possa ter se diferenciado das irmãs em alguns pontos.-

Recomendo muuuuito a leitura! Sem contar que a capa está divina e toda a diagramação também <3 PS: um detalhe que me chamou atenção, foram os títulos dos capítulos; minimalistas e com palavras talvez não exentricas, mas instigantes. Bom demais! Uma narrativa leve, que pode confundir um pouco a mente, pela época que foi escrita, dependendo da tradução. Mas basta de concentrar nos nomes e mergulhar na história, que aos poucos nos vemos dentro daquele cenário entendendo tudinho e até rindo nos momentos oportunos com um comentário e outro. Demais!

~*~

QUOTES:

"Os laços que nos ligam à vida são mais fortes do que a senhorita imagina, ou que imagina qualquer pessoa que não tenha sentido a força com que alguém pode ser arrastado sem se romper. (…) - pág. 162

"E porque ele iria se interessar pelas minhas capacidades morais e intelectuais: que importância terá para ele o que eu penso ou sinto? perguntei a mim mesma. E meu coração palpitou em resposta a essa pergunta." - pág. 191

...

Espero que tenham gostado!
Bjs: #SafiSaga





no Instagram: @safiraferreira_






Comentários

Postagens mais visitadas