Chá De Letras #33

Noites Brancas - Fiódor Dostoiévski


Olá,
Seguindo com uma resenhinha por semana rs, trouxe hoje uma obra de um dos mais renomados autores russos! Sempre tive vontade e curiosidade para ler algo de Dostoiévski, visto que li e assisti muitos debates, palestras e críticas sobre ele, muitas referências também.
E porque não comecei com "Crime e Castigo", "Irmãos Karamazov", "O Idiota" ou "Notas Do Subterrâneo"? Pois eu achei o título "Noites Brancas" mais bonito. 
Brincadeira, mas convenhamos, é um título instigante para mim, além de me chamar atenção por não ser um livro grosso; logo pensei: 'uma ótima sugestão para começar à ler o mito'.
Porém digo que minhas expectativas de linguagem difícil e enredo amargo, foram por água abaixo! Achei uma leitura simples, romântica, carregada de sutileza, e palavras belas; personagens apaixonados, sentimentais e um final arrebatador de sentimentos.
Confesso que fiquei triste no final, ao me colocar no lugar dos personagens; pois digo que tal situação descrita, é até que natural nos dias de hoje. Mas realmente, pensando em chegar à um extremo de sentir, até o outro, contando com todas os planos feitos e conversas, é algo real que não lhe custa sentir durante a leitura.

"Noites Brancas" conta a história de um sonhador apaixonado, que nunca experimentou a reciprocidade do amor, ou melhor, se contenta sendo amigo de casas e paisagens na vasta São Petesburgo.
Quando numa noite, à sonhar com o perfeito elo do amor como sempre, ele se
depara com uma garota chorando. Tenta se aproximar, porém receoso não o faz; mesmo que a situação o preocupe. Mas para sua sorte, o acaso programa algo inesperado, que o faz conhecer a moça melhor.
Ele todo formal, encantado. Ela toda simples, igualmente encantada. Começam a se encontrar todas as noites (menos de chuva), e compartilham uma das coisas mais lindas existentes num relacionamento, a conversa.
Logo sabemos a história de cada um, e como felizes estavam por terem se conhecido. Cada troca de carinho em palavras, e toques ensurdecidos, nos elevam à querer decifrar o que Dostoiévsky nos trás.

Numa narrativa simples, o autor nos faz experimentar diversos dos mais puros sentimentos existentes em nós. - e depois nos esmaga da mesma forma rs

Creio que não convém mencionar a narrativa toda, uma vez que o que é dito e descoberto por eles, se deve manter em secreto até a abertura do livro ao leitor. Mas digo que sim, é uma leitura que recomendo bastante, principalmente à você que procura iniciar Dostoiévski ou algo à princípio leve, porém fortemente sentido. Livro que me fez querer conhecer mais ainda as várias faces e aparições desse russo na literatura!

/ Além de que, cá entre nós e entre o mundo; a tradução da Editora 34 é extremamente perfeita! Que forma bela de nos apresentar Dosto <3 /




~*~

QUOTES:

"Era uma casinha de pedra tão agradável, olhava de forma tão acolhedora para mim, e de forma tão arrogante para suas vizinhas desajeitadas (...)" - pág 13

"(...) todas as forças que lhe concedeu o Céu, e se cobre de veludo, se embeleza e se adorna com flores... Involuntariamente ela me faz recordar aquela moça seca e enfermiça , para a qual você olha as vezes com piedade (...) " - pág 16

"(...) com o papel de um poeta inicialmente não reconhecido mas depois coroado; com a amizade de Hoffmann; a noite de São Bartolomeu; Diana Vernon; com o papel de herói na tomada de Kazan por Ivan Vassílievitch; Clara Mowbay; Effie Deans; Huss diante do Concílio dos Prelados (...)" - pág 37/38

"Escrevo-lhe. Desculpe-me por minha impaciência, mas durante um ano inteiro estive inebriada de esperança; acaso sou culpada de não poder agora suportar sequer um dia de dúvida? (...)" - pág 54

"Hoje o dia foi triste, chuvoso, sem luz, exatamente como minha velhice futura" - pág 57

"Comecei a consolá-la, a buscar as razões de ausência dele, a inventar diversos argumentos e provas. Não havia ninguém mais fácil de enganar do que ela naquele momento, (...)" - pág 62

"E não sabíamos o que dizer; ríamos, chorávamos, dizíamos mil coisas sem nexo sem sentido; ora andávamos pela calçada, ora voltávamos de repente e então atravessávamos a rua; depois parávamos e íamos outra vez para a marginal do rio; parecíamos crianças..." - pág 75

"(...) e antes que eu recobrasse a consciência, envolveu meu pescoço com ambos os braços e me beijou calorosa e intensamente. Depois, sem me dizer uma palavra, lançou-se novamente à ele, tomou-o pelo braço e o levou consigo." - pág 78

"Minhas noites terminaram pela manhã" (...) - pág 79

"Não sei por quê, pareceu-me de repente que meu quarto envelhecera tanto quanto a velha" - pág 82


...

Bjs: #SafiSaga

Postagens mais visitadas