Chá De Letras #38

 "A Sociedade Literária E A Torta De Casca De Batata" - Mary Ann Shaffer & Annie Barrows 


Oi oi, gente! Tudo bem?

Mais uma resenha! Ah, como é bom falar de livros por aqui :3 por mais que seja um cantinho pouco visitado em comparação ao Instagram, gosto muito de me expressar aqui por não ter limites de caracteres hehe


Hoje trouxe uma história tão querida, mas tão querida! A conheci na Netflix, em 2018; numa tarde chuvosa eu tecia fios doloridos enquanto repousava tomando chá. Quando num sussurro, me veio à hipótese de colocar esse título para assistir. Claro que a capa havia me deixado curiosa também.

Toda a atmosfera do filme tomou conta de mim, tanto que tornou-se um de meus preferidos, virou um lar à meu apreciar. Hoje é aquele filme de cabeceira por assim dizer rs Os personagens, a ambientação, o enredo, a trilha sonora... era como se tudo pudesse de certo exprimir um pouco de mim.

Quando soube que era uma adaptação de um livro, fiquei eufórica! Procurei em tantos lugares... Mas em nenhum de minha cidade tinha o exemplar. Uma amiga de São Paulo me contou que vira um desse na Martins Fontes, mas era muito longe para mim e na época não via possibilidade de comprar online. Contudo, esse ano, durante a pandemia, decidi acrescentar uns livros à meu carrinho virtual da Amazon, já que estava comprando "Sol Da Meia Noite" na pré-venda.

E depois de alguns problemas e atrasos, meu tão esperado exemplar chegou! Porém uma notícia triste, é que não era o que eu tanto esperava... O livro é todo por correspondências, sim, cartas - mais ou menos no estilo de "Love, Rose" pra quem já leu). Não há capítulos nem uma descrição exata, e isso que me agonia rs Porém tentei ignorar essa questão e focar na narrativa, escrita e personalidade de cada personagem ao escrever, para entrar na essência da obra que tem uma brilhante ambientação e conexão!

Tentarei falar sobre o livro sem contar spoilers, porém irão notar certa diferença nessa resenha, pois não irei me aprofundar muito nos acontecimentos. Pois como é por cartas, ficam bem subentendidos as vezes e é legal ter essa surpresa. Além de que por ser uma história caseira cheia de detalhes de antigamente, há diversos fatos interessantes que irei querer falar e não poderei, então, não entrarei muito afundo de uma vez hihi

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O livro se passa em Londres num cenário pós 2° Guerra Mundial, e também numa pequena Ilha chamada Guernsey, que fica no canal da mancha e foi ocupada pela Alemanha durante a Guerra.

A personagem principal se chama Juliet, ela é uma escritora de
Londres, no início de sua carreira. E após alguns trabalhos bem sucedidos e à seu antigo apartamento ter sido bombardeado, Juliet está a procura de um novo lar, além de administrando sua carreira em ascensão; e tem sempre ao seu lado, Sidney, seu editor.

A história toma rumo, à partir do momento em que Juliet começa a se corresponder com Dawsey Adams através de cartas. E para ser mais exata, é Dawsey quem envia a primeira carta. Nela ele diz ter encontrado o (antigo) endereço de Juliet num livro de Charles Lamb, e que gostaria de ler a biografia do autor, além de que fazia parte da Sociedade Literária E A Torta DE Casca De Batata.

Juliet estava a mil, sua vida como escritora progredindo, diversas correspondências importantes e eventos sobre; porém ela sempre respondia ao Sr, Adams. Logo, o pede para contar sobre a história da tal Sociedade, e também o envia um exemplar com as cartas de Charles Lamb e um retrato do autor.

Dawsey então a escreve sobre a origem desse tão curioso nome. Que é o seguinte: Guernsey estava em meio à ocupação nazista, e os Alemães estavam obrigando todos da cidade a entregarem sua produção (de porcos, no caso), para alimentar os soldados durante a Guerra. Logo, os moradores ficaram comendo apenas batatas por muito tempo. É quando uma vizinha do Sr. Adams, sra. Maugery lhe enviou um bilhete, pedindo para ele ir até sua casa com uma faca. E la, ela e Elizabeth MacKenna tinham escondido o último porco. Foi um jantar e tanto aquela noite, juntaram mais alguns amigos e ficaram por horas comendo e se divertindo como há tempos! Na hora de ir embora, já passara do horário de recolher e eles teriam seguido caminho silenciosamente, se não fosse pela cantoria de John Booker que não se controlou após extrapolar na bebida. Eles então chamaram atenção dos soldados alemães. Eles não poderiam sair após esse horário e muito menos dizer que haviam comido um porco escondido, logo, Elizabeth diz que eles eram uma sociedade literária. 

E dito isso, precisaram montar uma. Tudo poderia ter sido uma farsa, porém eles foram a procura dos livros e levaram a reunião o clube de leitura à sério. Suas reuniões era monitoradas à princípio, mas depois os soldados os deixaram em paz e lá eles descobriam diversos livros, se apaixonavam por histórias e foi onde Sr. Adams pegou o tal exemplar de Charles Lamb que antes pertencera à Juliet.

A escritora se empolga com a história, ela havia recebido um convite do Times para escrever e acha que teria novas ideias em Guernsey, todas as pessoas, e principalmente o tal clube de leitura. 

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Nos são dados então, diversos personagens de Guernsey com quem Juliet se corresponde. Há muitas histórias distintas, tanto de pontos de vista, quanto de vivências. E digo isso, pois podemos ver como foi a vida de cada um antes da Guerra, e os pesadelos e estragos que essa trouxe para suas vidas; porém a união deles é acima de tudo, regada pelo amor.

Sem contar que no meio de todos esses conflitos e histórias, há uma das mais preocupantes, que acaba por unir todos, pois compartilham de uma mesma perda. A de Elizabeth McKenna. Mulher forte, à frente do seu tempo e que não tolerava injustiças, o cenário de guerra e atitudes dos soldados não a faziam ceder. E um dia, ao tentar salvar uma criança, ela é pega pelos nazistas. Alguns ainda tem esperanças de reencontrá-la.

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Gostei muito de como se constrói a amizade de Juliet e Isola Pribby, amante assídua de Jane Austen (isso no livro, pois senti falta dessa profundidade na adaptação). Também o elo que Juliet tem com Kit, sua amizade com Sidney e claro sua história com Dawnley. Sem deixar de fora o outro homem que pensara ocupar seu coração.

Então vários núcleos e ambientações constituem a história. Há a vida profissional de Juliet, seu ciclo de amizades, sua vida amorosa. Sem contar que o pilar profissional acaba por tomar uma proporção maior do que apenas isso, e muda radicalmente os outros.

Claro que a temática da Guerra dá um peso melancólico e triste à trama e suas ramificações, mas todas as mais belas junções vem através dos livros. É através de um livro de Dawnley encontra o endereço para se comunicar com Juliet, é através dos livros que a sociedade fica unida durante a Guerra, através deles que Juliet trabalha e tem tamanho amor e prazer.

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Guernsey é muito acolhedora, e é notório o amor e simplicidade dos moradores, além de ser possível ver como escondem seus traumas tentando sempre focar em afazeres presentes, se fazerem de fortes. É como um constante aroma de chá quentinho, e as pessoas fazem o aroma ainda mais doce! 

E é exatamente assim, que você se sente ao ler essa obra. Tão acolhedora e agradável. Claro que para mim, o ponto negativo foi a falta de capítulos; pois como distraída e esquecida que sou, foi difícil em alguns momentos captar as informações com essa separação, e juntá-las foi como um quebra-cabeça. Pois cada momento um falava daquilo ou apenas surgia, e eram diversas perspectivas e estilos de vida. Enfim, tão rico mas ao mesmo tempo confuso para mim. Creio que teria aproveitado mais se fosse uma narrativa por narrador observador ou até mesmo por Juliet e Dawnley rs 

Mas super recomendo! E aliás, tem crítica sobre essa adaptação aqui também: FILME

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Q U O T E S:

"(...) Você sabe como eu gosto de falar sobre livros, e sabe como adoro receber cumprimentos (...)" - pág 15

"(...) A Sociedade Literária E A Torta DE Casca De Batata De Guernsey surgiu por causa de um porco assado que tivemos de manter em segredo dos soldados alemães, então sinto uma certa afinidade com o sr. Lamb (...) " - pág 18

"(...) Sidney, como prova de nossa longa amizade, você não precisa comentar sobre isso - nunca. De fato, prefiro que você não comente. (...)" - pág 35

"(...) Eu me apaixonei por dois homens: Eben Ramsey e Dawsey Adams (...)" - pág 107

"(...) Ele decidiu não informar primeiro o preço para o senhor, mas simplesmente enviá-la imediatamente. Ele disse: 'Um apreciador de Charles Lamb não deve ter de esperar' (...)" - pág 123

"(...) Pedi desculpas pelo lapso e disse que você tinha toda razão, que Orgulho e Preconceito era uma das melhores histórias de amor que já tinham sido escritas (...)" - pág 219

"(...) Ele estudava cada pedra, sentia o peso dela, refletia e a colocava de acordo com a imagem que ele tinha em mente (...)" - pág 285

"(...) Por hora, vou convidar Kit para jantar e passar a noite comigo para que Juliet e Dawsey possam ter os bosques só para eles - como sr. Darcy e Elizabeth Bennet. (...)" - pág 298

"(...) Sua famosa timidez desapareceu completamente - acho que era um truque para despertar minha simpatia. (...)" - pág 299

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Instagram: @safiraferreira_


Espero muito que tenham gostado! 

Bjs: #SafiSaga 




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