Chá De letras #40

"Tomates Verdes Fritos" - Fannie Flagg


Oi oi, gente! Como vocês estão?

Como fico feliz em resenhar esse livro! Creio que muitos conheçam pelo filme, qual inclusive fiz crítica sobre, basta clicar aqui após a resenha: Crítica de "Tomates Verdes Fritos". Maravilhoso! Já ganhou prêmios, etc.

O conheci através da minha avó, que foi quem me mostrou o filme. Logo, me veio a curiosidade em ler o livro hihi E com toda a certeza, posso afirmar que fora um dos melhores que li este ano!

Como é um livro muito abrangente, e digo isso em questão do enredo e acontecimentos; pois no caso conta sobre várias pessoas e detalhes do cotidiano numa pequena cidade na década de 30/40; seria difícil pontuar todos os acontecimentos. Mas por isso mesmo, adianto que vale muito à pena ler! E leia sem pensar no tempo, pois este parece não passar com esse livro hehe é divido em capítulos que se revezam entre o passado e o presente, também reveza entre narradoras personagem, além de constantemente sermos surpreendidos por uma página do Boletim, típico Semanário da pequena cidade. PS: E no final tem 20 receitas maravilhosas, dos pratos que serviam naquele belo café na Parada do Apito (é sério, fiquei chocada!)

***

Vamos começar pelo "presente" da história, no caso a década de 80/90. A personagem Evelyn Couch era uma dona de casa, sem muito gosto pela vida. Com os filhos já crescidos tendo saído de casa, ela se via com a rotina monótona. Porém, tinha costume de visitar sua sogra uma vez na semana, numa Casa De Repouso chamada Rose Terrace. Elas não se falavam muito, mas em uma de suas idas à sacada, conhece Ninny Threadgoode, uma senhora um tanto engraçada e falante.

Ninny torna as visitas de Evelyn à Casa, mais empolgantes; pois começa a contar histórias de sua vida quando nova, numa cidadezinha chamada Parada Do Apito. Ela havia perdido os pais bem nova, e a família Threadgoode cuidou dela, até futuramente, ela ter se casado com um dos 9 filhos. 

Ninny narra todo seu contexto e dá os mais minuciosos detalhes do
cotidiano e acontecimentos da época naquela pequena cidade, berço do parque ferroviário e do Café de Idge e Ruth. Logo, ela
 acaba por evidenciar a trajetória de vida da filha mais nova dos Threadgoode, Idge.

A garota era vista como rebelde, por sempre fazer travessuras e também por não querer usar vestidos e nem se comportar como as garotas da época. Ela também vivia grudada em seu irmão, Buddy, qual acabou falecendo ainda jovem, e a deixou muito marcada quanto à isso.

Já Ruth, veio da Georgia e chegou à pequena cidade no verão, para ajudar a família Threadgoode em missão da igreja, mas isso uns bons anos mais tarde, quando Idge já tinha seus 16. E ao que pareceu, Ruth era a única que deixava Idge mais mansa. E mesmo Idge discordando, Ruth precisou voltar à sua cidade e acabou se casando com Frank Bennet (aquelas que já vê referência à Jane Austen hehe), mas esse Bennet no caso passava longe de ser bondoso como a família Threadgoode.

Logo descobriram que Frank estava agredindo Ruth, e quando Idge soube, ela foi resgatá-la, juntamente à seus irmãos e Bob, o empregado da família. Ruth não sabia, porém estava grávida. Idge assumi responsabilidade para com as duas, e por isso recebe o apoio da família para abrir o Café.

E é um cantinho sucesso! Como eu disse, uma das marcas de Parada Do Apito, além de que Idge era uma mulher muito a frente de seu tempo. Ela aceitava os sem teto, deixava negros entrarem, tinha um comércio administrado por mulheres (coisas que, infelizmente, na época não eram comuns).

PS: Lembrando que destaquei apenas sobre a vida de Idge, pois é o foco narrativo na história contada por Ninny.

Mas digo que a presença de Evelyn e claro, de Ninny, é primordial para se tornar a leitura ainda mais única e preciosa. Poderia ser apenas a história narrada de Idge, mas não, ela nasce através de um segundo cenário, no caso o presente e toda a construção e ambientação em que se encontram esses personagens. É uma ajuda mútua entre Ninny e Evelyn, pois a senhora incentiva a mulher em  investir nos seus negócios de consultoria, em contrapartida, ela escuta o que a senhora tem a dizer. 

Essas conversas auxiliam muito à Evelyn em sua rotina e vida; assim como à Ninny. Qual aliás, no filme deu muito à entender que era a própria Idge, e eu ainda tenho minhas suspeitas hehe Outra coisa que não fica clara, é o relacionamento de Ruth e Idge, obviamente pois na época, era algo fora do comum.

***

O que mencionei aqui, não é nem 1/10 do livro! Pois Ninny conta em
detalhes, tanto seus dias distintos no presente, enquanto está naquela Casa De Repouso e recorda saudosa de sua casa, os cheiros, comidas e manias; e também detalhes de seu passado ao contar tais histórias à graciosa Evelyn.

Os capítulos são intercalados, o que torna a leitura nada maçante e parada, pois traz uma boa movimentação e também torna divertido as descobertas ao localizar acontecimentos e personagens. É uma leitura íntima, deliciosa, além de tirar risos à todo momento, por sua graça e simplicidade nos acontecimentos.

Algo que me marcou muito (além do churrasco de Boby, feito de Frank ~ risos), foi algo bem no começo do livro. Ninny menciona que Idge e Benny quando crianças, brincavam com um esquilo, de bolacha e pode de água. Eles deixavam um pote com água no quintal, e dirigiam ao esquilo, uma bolacha. O bichinho ficava passando a bolacha no pote, a molhando, e depois não entendia porque ela simplesmente sumia em suas mãos. E eles tinham até as bolachas favoritas para fazerem isso, qual de acordo, a recheada não dava um resultando tão eficaz.

São tais detalhes que me prenderam tanto a atenção e me fizeram sentir parte daquele lugar, e amiga daquelas pessoas. Tantos risos e emoções que tais personagens me tiraram, todos os diálogos e diria que até mais, a narração. É uma narração preciosa! Parece que se está ouvindo a avó contar suas histórias sabe? Além de que os capítulos que traziam o Boletim do Semanário da cidade, ornam muito e dão um perfeito encaixe ao ritmo da leitura. Tudo flui, e os capítulos não são longos, ou seja, a leitura é bem dinâmica mas mesmo assim não perde a graça e nem sua encanto narrativo.

Outra parte que eu, AMEI, e notei só no final mesmo hihi, são as receitas da Sipsey! Ela era a cozinheira do Café de Idge e Ruthy, antiga empregada da família Threadgoode. E suas maravilhosas receitas que marcaram momentos e gerações, estão presentes nas últimas páginas do livro! São ao todo 20 receitas entre doces e salgados, um amor só!

Uma palavra que talvez possa traduzir o livro, seria: AMIZADE.


***

É um livro que irei guardar bem guardadinho para visitar sempre que puder, nem que apenas para reler minhas partes favoritas <3 


Q U O T E S:

- "(...) não sei dizer quando fiquei tão velha. Foi meio como se a velhice tivesse passado por cima de mim. (...)"

- "(...) Um coração pode se partir e continuar batendo igual. (...)"

- "(...) Eles punham uma vasilha de água no quintal e davam um biscoito à ele. O bichinho lavava biscoito atrás de biscoito e não entendia o que acontecia quando ele derretia na água. (...)" 

- "(...) Sabe, é engraçado do que a gente sente falta quando está longe de casa. Eu, no caso, sinto falta do cheiro de café... E do bacon fritando de manhã. Não dá pra sentir o cheiro de nada do que eles cozinham aqui e a gente nunca come fritura. Tudo tem que ser cozido, sem nem uma pitada de sal! Não dou um tostão furado para qualquer coisa que seja cozida, você dá? (...)"

- "(...) Fazia dois anos que Idge vira Ruth pela última vez, mas de vez em quando ela se dirigia até Valdosta nas quartas-feiras, dia em que Frank Bennett ia até a cidade para visitar a barbearia. Ela costumava ficar na loja do Puckett, porque de lá tinha boa visão da porta da barbearia e ela podia ver Frank sentado na cadeira."

- "(...) Eu descobri o segredo da vida: amigos... melhores amigos! (...)"

***


Instagram: @safiraferreira_


Comentários

Postagens mais visitadas