Chá de Letras #53

"O Quebra-Nozes" - E. T. A. Hoffmann

Oi oi, gente! Tudo bem?

Última resenha natalina do ano, tinha que ser um clássico ne <3 Tenho este livro no formato infantil - do balé, desde que era pequena, e neste ano ganhei a edição da Darkside, que está um encanto! A edição traz, além de uma linda diagramação temática, várias ilustrações e um material de qualidade absurda.

Imagino que muito conheçam ou saibam a história por alto, mas já adianto que vale a pena a experiência - principalmente ler na época de fim de ano -, pois é bem mágico <3 

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A história se passa na véspera de Natal, na antiga Rússia em meados de 1800. Os irmãos Fritz e Marie de uma família aparentemente rica, anseiam pelos presentes de Natal que receberiam naquele ano. Marie não conseguia parar de pensar no que o padrinho Drossselmeier poderia trazer - visto que a cada ano, ele como fabricante de relógios e brinquedos, trazia as mais encantadoras invenções!

Naquele Natal, o padrinho leva um presente espalhafatoso e engenhoso, mas que cativa por pouco tempo a atenção da família, a não ser por um bonequinho magricela que tinha a cabeça desproporcional ao corpo, que chama a atenção de Marie. A garotinha descobre que é um quebra nozes, e o usa para quebrar suas nozes até que, num desentendimento com Fritz, que fora mais bruto, o boneco acaba perdendo alguns de seus dentes.

Marie logo decide cuidar dele, o deixando junto de seus outros 
brinquedos para se recuperar. Naquela hora todos já tinham ido se deitar, a garota estava sozinha, e começa a escutar sons de roedores abaixo de si. Não demora para a grande figura do rei dos ratos surgir e uma leva de brinquedos se propor a lutar contra o rei e seu exército, a comando do soldado quebra-nozes. Marie mal acreditava no que via, mas seu foco estava na fidelidade de seus brinquedos para com o novato.

Ao acordar no dia seguinte, a garota fica surpresa por estar em sua cama, e ao contar para a mãe sobre o ocorrido, percebe que ela não dá credibilidade. Drosselmeier aparece para visitar a pequena, e a surpreende trazendo o soldado quebra-nozes inteiro para Marie, e não apenas isso, como também menciona o tal rei dos ratos, o que deixa a garota intrigada. Aproveitando a deixa, o padrinho conta uma antiga história, sobre a Castanha Dura - que perpetua por alguns capítulos do livro.

A família considera Maria uma garotinha de muita imaginação, mas nem por isso incentivam isso nela, a não ser seu padrinho. Mas não é que a casa realmente estava infestada de ratos? E ninguém conseguia capturá-los; Marie insistia sobre o episódio do rei e seu exército, mesmo sem credibilidade, até que uma noite, se deparou com o quebra-nozes segurando uma espada ensanguentada, afirmando ter derrotado o roedor.

Marie então decide seguir o brinquedo até o Reino dos Bonecos, e lá descobre um mundo mágico, o bosque do Natal, marzipãs, princesas, e castelos brilhantes! Ela também é apresentada a alguns moradores, estes que conhecia pela história da Castanha Dura que o padrinho contou. Foi uma aventura e tanto que a garota viveu lá, ao lado de seu amado quebra-nozes.

Ao retornar, de praxe sua mãe não comprou a ideia, e foi logo a silenciando; até mesmo o padrinho Drossselmeier. A garotinha então, não insistiu mais no assunto; até que um dia, o sobrinho Drossselmeier veio visitar, ele agia igualzinho ao quebra-nozes; e num momento em que ficaram sozinhos, o garoto disse que voltou a sua antiga forma após a promessa que Marie havia feito à ele quando voltaram do Reino dos Bonecos. E após 1 ano, se casaram, e dizem que Marie reina no Bosque de Natal e castelo de Marzipãs até hoje!

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É uma leitura muito ingênua e singela. O narrador é observador, mas ele abre espaço para a leitura de mundo através dos olhos de Marie, que os acontecimentos são contados como sendo de um ponto de vista de uma criança, logo, é muito puro o sentir e experimentar a história. O que gostei também foi que as vezes, o narrador interage diretamente com os leitores, dizendo coisas que realmente estamos pensando e refletindo sobre.

A questão de ser ou não verdade os acontecimentos vividos por Marie -
que por vezes são vistos como sonhos e imaginação fértil pelos adultos - fica no ar; cabe ao sei nível de imaginação escolher em que acreditar.

Recomendo bastante, é leve, puro, bonito e engraçadinho; nos faz voltar a essência da infância. E além de tudo, tem a magia do Natal!

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Frases:

"Marie não tinha medo de ratos, como a maioria das crianças, e estava pensando que eles eram até meio engraçadinhos" - pág 25

"Ele parecia mais feio como de costume e movia o braço direito para a frente e para trás como um fantoche puxado por cordas" - pág 36

"Embora a esperta Marie organizasse tudo isso em sua mente, ela acreditava, porque tinha visto, que o Quebra-Nozes e seus soldados realmente tinham vivido e se mexido. Mas tudo no armário de porta de vidro permanecia imóvel e sem vida (...)" - pág 60

"Ao longe havia um pequeno vilarejo à beira do rio; casas, igrejas, personagens e celeiros eram todos marrons, com telhados dourados e docinhos presos à parede. "Aquela é Gengibre-lândia", disse o Quebra-Nozes. "Os moradores têm uma aparência adorável, mas são mal-humorados porque têm dor de dente, então não vamos visitar o lugar." (...) - pág 76

"Era como se duas vozes prateadas cantassem: "Quem navega pelo lago cor-de-rosa? A fadinha — acorda, acorda! Música e canção (...)" - pág 78

"Vocês já devem ter deduzido, leitores, que Marie, sobrepujada pelas coisas maravilhosas que tinha visto, finalmente adormeceu na sala do Castelo de Marzipã, e que os servos, ou os pajens, ou talvez até as próprias princesas, a carregaram para a cama." - pág 88

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