Chá de Letras #71

 "A Misteriosa Sociedade Benedict" - Trenton Lee Stewart


Oi oi, gente!

Olha que belezinha essa cozy fiction que recebi da Editora Record no finalzinho do ano passado :3 tava tão ansiosa pra ler! E foi tão fofo como imaginei <3

Aqui acompanhamos a trajetória de 4 crianças, em especial Reynie - que é o foco maior do narrador observador -, que possuem habilidades preciosas, sobretudo, inteligência. O legal é que abordam diversos tipos de inteligência, então todos são extremamente bons de diferentes formas.

O início da história se da por vários jovens, de distintos locais, serem "convocados" por assim dizer, para fazer uma prova um tanto estranha. Era extremamente difícil e possuia diversas etapas, sendo que em cada uma, o número de crianças diminuia. Reynie é o único de sua turma a passar; por ter um raciocínio lógico bem rápido; e enquanto espera o próximo passo, é surpreendido por outras duas crianças que aparentemente também foram as únicas de suas respectivas turmas a passar, Stick; que conseguia decorar o máximo de informações possíveis tendo visto uma vez; e Kate; que com seu balde e bugigangas conseguia realizar qualquer tarefa. Enquanto conversam sobre essa experiência enigmática, percebem que não foram testados apenas durante a prova, mas sim, presenciaram as mesmas situações distintas desde a ida até o local, percebendo então, que existiram outras formas de teste.

Após muitas desconversas a respeito do que se tratava a prova e percebendo alguns padrões entre eles - ambos serem 'sozinhos' (orfãos) -, eles são apresentados a uma moradia secreta, uma casa enorme e por mais confortável, cheia de quinquilharias; com moradores curiosos. Lá encontram mais uma criança escolhida, Constance, uma garotinha pequenina que vivia emburrada. Além disso, como moradores havia a Número Dois, uma mulher esperta que não conseguia dormir, Rhonda, a calmaria e inteligência e também Trevez, um grandão que estava sempre com cara de choro. E claro, o próprio Sr. Benedict, gênio que sofria com uma doença que o fazia cair no sono durante uns minutos após emoções fortes.

Há algum tempo eles vinham estudando mensagens e decodificando códigos passados através da televisão, imperceptíveis pela maioria das pessoas e, de alguma forma, sabiam que isso tornaria algo maior. A origem vinha da Academia, uma escola para jovens prodígio um tanto curiosa. Parte do plano era treinar as crianças para serem espiões nesta escola e descobrirem o que estava para acontecer, assim, tentarem impedir.

Ao chegar lá ficam de queixo caído ao perceber que o Sr. Curtain, dono e diretor da academia, era idêntico ao Sr. Benedict. Também são surpreendidos pela divisões e méritos entre os alunos e a hipocrisia de falsa liberdade. Eles estavam condicionados à disputa e regras camufladas, além de vigilância constante. Em meio à tudo e ainda, com colegas insuportáveis, eles seguem com o plano e de forma bem arriscada acabam descobrindo que o futuro da sociedade estava em jogo, era bem maior do que imaginavam. (Fora que, no final, somos surpreendidos por vários plots que deixam o coração quentinho!)

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Um livro excêntrico que me ganhou (MUITO) pela escrita e também características dos personagens; a abordagem aqui é um aconchego, nenhum detalhe é jogado fora e o autor trabalha a linguagem e caracterização de maneira tão criativa que encanta! São realmente importantes e somatórias tais características, até meio engraçadinhas em certo ponto, que super ornam com a proposta imersiva e visual/imaginativa. A identidade presente na narrativa me deixou com riso bobo, trouxe de volta algo que estava perdido em mim.

Foi uma visita à infância em sua essência, como assistir um filme comfy quando criança, numa tarde chuvosa tomando nescau com bolacha. Recomendo a todos que querem um encontro com sua inocência.

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Q U O T E S :

"Reynie teve uma sensação de pânico no estômago, do tipo que sempre tinha quando sonhava que estava caindo de um precipício. Só que, nos sonhos, ele sempre acordava."

"A última aula terminou no meio de uma tarde perfeita de outono azul, temperatura amena, a mais sutil das brisas. O sol parecia descansar sobre o topo de uma colina distante como uma laranja gigante sobre uma mesa gigante."

"Agora que as crianças finalmente tinham descoberto algumas coisas, todas sentiam falta do tempo em que não sabiam de nada."

"-  Um problema de ser líder — o Sr. Curtain ia dizendo — é que, mesmo entre os seus amigos, você está sozinho, porque é você e ninguém mais que os outros procuram em busca de orientação final."

"As encostas das colinas formavam uma colcha de retalhos composta por areia, vegetação verdejante e aglomerados de pedregulhos unidos por caminhos de cascalho serpenteantes."

"As pessoas não prestam atenção ao que as crianças dizem, muito menos ao que pensam!"

"Travez conhece o labirinto como a palma da mão."

"— Sempre achei essa expressão engraçada - disse Kate. - Afinal, será que as pessoas conhecem mesmo tão bem a palma da mão?"

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Bjs: #Safisaga


@safirasafisaga


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